segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Ofereceram-me Amor

...e eu aceitei. Era uma amostra pequenina mas tem perfumado os últimos dias. Um aroma com mais especiarias do que é habitual em mim mas, vamos sempre a tempo de mudar. Não?


Na mesma ocasião coloquei no pulso um pouco de Boss Elements. Há uns dez anos que não o usava e andei a snifar aquele perfume o resto do dia. É impressionante como os cheiros nos podem transportar para outros momentos, outras vivências.

domingo, 26 de novembro de 2006

Cesariny

A notícia acertou no estômago à hora de almoço. Era esperada, mas mesmo assim vamo-nos enganando para não acreditar no inevitável. Mário Cesariny morreu esta madrugada, ficam os seus quadros, os seus poemas, a saudade.
Fica o arrepio por ter posto no papel os sentimentos que eu não sei escrever.


Poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando —
a delimitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

(Pena Capital - Mário Cesariny)

domingo, 19 de novembro de 2006

Pim


Estou a ler, ao fim de mais de dez anos na minha posse. "A mulher de Porto Pim", de António Tabucchi, edição Difel.
Uma viagem à memória dos últimos baleeiros, com espaço para uma microbiografia de Antero de Quental.

Salada



Com tomate-cereja tão bom, o acompanhamento dos crostini de tomate-cereja e mozarella foram os mesmos mas numa saladinha com um fio de azeite, umas ervas e raspas largas de Parmesão.

Tomate-cereja, mozarella e mangericão




Juntando estes ingredientes a umas fatias de pão temos uma entrada fácil ou, para apreciadores, uma refeição óptima.

sábado, 18 de novembro de 2006

Cinema

Cinema é o nome do disco. Todas as faixas são especiais, escolho duas deste disco de Rodrigo Leão.

Happiness

Why don't you stay
I feel lucky today
Give me a chance
and I'll show you the way
I know some day you'll be mine
you will know too
it's a matter of time
Oh! Let me hold your hand
Please, let your heart beat again
You know I daydream of you
I'm so in love
it's too good to be true

You make me smile
as I look into your eyes
My heart is full
like my very first time
It's like I was born again
I just can't say
how happy I am

Oh! let me hold your hand
Please, let your heart beat again

(letra Ana Carolina)



Deep Blue


Find a way and clear my soul
Driving out to get my goal

God knows I cannot stand
It's time to say goodbye

You don't know, you should have known
the pain I feel inside

So, I was dreaming of you
I was falling with you
and broke my heart

So, I was falling for you
I was dreaming with you
and broke my heart

Find a way and clear my soul
Driving out to get my goal

God knows I cannot stand
It's time to say goodbye

You don't know, you should've known
the pain I feel inside

Find a way to ease my breath
on and on to fill my chest

I can't stay, I cannot stay
cause only tears remain

I can't hide, I cannot fight
and play this crying game

So, I was dreaming of you
I was falling with you
and broke my heart

(letra Sónia Tavares)

Alcachofras recheadas



Por falar na Oil & Vinager, a minha última versão de alcachofras recheadas não passa sem um exclusivo desta loja: Wild Garlic Mix. Supostamente é para ser utilizado como dip, mistura-se com azeite ou óleo e come-se com pequenas tostas, gressinos, bolachas... Pois eu acho que esta mistura de flocos de tomate seco, folhas de alho selvagem, mangericão, oregão e cebola dá um toque muito especial a um conjunto de pratos. Por exemplo, um simplicíssimo arroz branco, polvilhado na altura de servir com esta mistura, fica com um aspecto diferente e um travo especial.
Mas vamos a uma entrada feita por diversas vezes, com nuances diversas, mas que parece ter encontrado a sua forma ideal:

Fundos de Alcachofras recheados

1 lata de fundos de alcachofras
maionese
pickles
Wild Garlic Mix
Azeite de Trufa Preta

Retiram-se os fundos de alcachofra da lata, escorrendo bem e retirando o excesso de líquido com papel absorvente. Picam-se os pickles finamente, misturam-se numa taça com a maionese e a Wild Garlic Mix (em substituição desta aconselho ervas finas, alho picado e pimenta rosa, que era a versão original desta receita). Distribui-se uniformemente a pasta pelos fundos de alcachofra e remata-se com um pequena dose de azeite com aroma de trufa (não é insignificante, aquilo é mesmo bom). A finalizar espalha-se uma pequena quantidade da mistura de alho e faz um vistaço na hora de servir. Como a "base" é fora do comum a reacção é muitas vezes "Pensava que era um folhado!".

Gressinos


Fácil de fazer, óptimo de comer...

Precisamos de:

Gressinos
Presunto (o ideal é o de Parma) cortado muito fino, tipo folha de papel
Pesto
Folhas de mangericão

Estendem-se as fatias de presunto (podemos optar por dividir se forem muito grandes). Perto de uma das extremidades coloca-se uma folha de mangericão e uma pequena porção de molho pesto (é fácil de encontrar em superfícies comerciais mas existe uma versão liofilizada na Oil & Vinegar)e enrola-se tudo ao gressino, tendo cuidado de não deixar o pesto verter.

Já está!

domingo, 12 de novembro de 2006

Saudades do Pico


Qual Jeropiga... Com castanhas assadas vai mesmo bem é um Angelica!

Opções (com alho)





Há gostos para tudo. Por vezes vale a pena fazer opções para ter algumas coisas coisas boas: alhos, por exemplo. Para mim são um verdadeiro petisco, mas incompatíveis com beijinhos. Hoje optei por aquilo que na Antiga Grécia se chamava "rosa de mau cheiro". Uma visita ao Mercado do Monte da Caparica, logo pela manhã, deu para visitar a banca da "minha" vendedora (fiquei a saber há uns tempos que é licenciada numa coisa qualquer mas continua a ajudar a mãe ao fim-de-semana)e de lá trouxe duas cabeças de alho, um saco de tomate-cereja caseiro (minúsculo e muito saboroso)e mais uma alface.
Pois o meu petisco é mesmo simples:

1 cabeça de alho (tem de ser bom, comprado há pouco tempo e com dentes uniformes)
azeite q.b.
1 malagueta
1 folha de louro
sal (opcional)


É só descascar a cabeça de alhos e fazer uma pequena incisão na ponta de cada um para que fritem melhor. Colocam-se numa frigideira com azeite, a malagueta, o louro e, se forem como eu, uma pitada de sal. Depois é deixar ferver o azeite muito devagar para que cozinhem bem no interior. Por fim: saborear.

sábado, 11 de novembro de 2006

Os meus pés


Qual é o segredo para criar boas plantas? Acho que é o mesmo que para viver um grande amor: cuidar. Nem água a mais, nem a menos. Adubo quando é preciso.
E também é preciso falar com elas. E ouvir, mesmo quando parecem em silêncio.

Estes são os meus pés de mangericão. Fazem companhia à salsa (Gigante de Nápoles), ao alecrim e à hortelã (há-de cair na canja, um destes dias).

Daniel Filipe


Saiu agora a 11ª edição de "A Invenção do Amor e Outros Poemas", de Daniel Filipe. É verdadeiramente fantástico.



A invenção do amor

Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor

Em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com caracter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana

Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e fome de ternura
e souberam entender-se sem palavras inúteis
Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
de um sorriso natural e inesperado

Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo

Um homem e uma mulher um cartaz denuncia
colado em todas as esquinas da cidade
A rádio já falou A TV anuncia
iminente a captura A policia de costumes avisada
procura os dois amantes nos becos e nas avenidas
Onde houver uma flor rubra e essencial
é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta fechada para o mundo
É preciso encontrá-los antes que seja tarde
Antes que o exemplo frutifique Antes
que a invenção do amor se processe em cadeia

Há pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos
Chamem as tropas aquarteladas na província
Convoquem os reservistas os bombeiros os elementos da defesa passiva
Todos decrete-se a lei marcial com todas as consequências
O perigo justifica-o Um homem e uma mulher
conheceram-se amaram-se perderam-se no labirinto da cidade

É indispensável encontrá-los dominá-los convencê-los
antes que seja tarde
e a memória da infância nos jardins escondidos
acorde a tolerância no coração das pessoas

Fechem as escolas Sobretudo
protejam as crianças da contaminação
uma agência comunica que algures ao sul do rio
um menino pediu uma rosa vermelha
e chorou nervosamente porque lha recusaram
Segundo o director da sua escola é um pequeno triste inexplicavelmente dado aos longos silêncios e aos choros sem razão
Aplicado no entanto Respeitador da disciplina
Um caso típico de inadaptação congénita disseram os psicólogos
Ainda bem que se revelou a tempo Vai ser internado
e submetido a um tratamento especial de recuperação
Mas é possível que haja outros É absolutamente vital
que o diagnóstico se faça no período primário da doença
E também que se evite o contágio com o homem e a mulher
de que fala no cartaz colado em todas as esquinas da cidade

Está em jogo o destino da civilização que construímos
o destino das máquinas das bombas de hidrogénio das normas de discriminação racial
o futuro da estrutura industrial de que nos orgulhamos
a verdade incontroversa das declarações políticas

...

É possível que cantem
mas defendam-se de entender a sua voz Alguém que os escutou
deixou cair as armas e mergulhou nas mãos o rosto banhado de lágrimas
E quando foi interrogado em Tribunal de Guerra
respondeu que a voz e as palavras o faziam feliz
lhe lembravam a infância Campos verdes floridos
Água simples correndo A brisa das montanhas
Foi condenado à morte é evidente É preciso evitar um mal maior
Mas caminhou cantando para o muro da execução
foi necessário amordaçá-lo e mesmo desprendia-se dele
um misterioso halo de uma felicidade incorrupta

...

Procurem a mulher o homem que num bar
de hotel se encontraram numa tarde de chuva
Se tanto for preciso estabeleçam barricadas
senhas salvo-condutos horas de recolher
censura prévia à Imprensa tribunais de excepção
Para bem da cidade do país da cultura
é preciso encontrar o casal fugitivo
que inventou o amor com carácter de urgência

Os jornais da manhã publicam a notícia
de que os viram passar de mãos dadas sorrindo
numa rua serena debruada de acácias
Um velho sem família a testemunha diz
ter sentido de súbito uma estranha paz interior
uma voz desprendendo um cheiro a primavera
o doce bafo quente da adolescência longínqua

sábado, 4 de novembro de 2006

Corta


Durante mais de metade da minha vida acompanharam-me. Desbastadas ciclicamente, desapareceram na totalidade da minha cara no máximo umas cinco vezes e sempre por não mais de uma semana.
Agora, as minhas patilhas foram-se. Por mais de uma semana, veremos até quando.
Há alturas para mudar.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Fácil


Este disco é um prazer. A música tinha ficado no ouvido, não saia da playlist mental. Como é hábito vou aproveitar para ouvi-la antes que passe em todas as rádios até à exaustão. Como é hábito o menos pop do disco é muito bom.

Mas há algum mal em ser pop (pergunta para mim mesmo...


Fácil de entender

Talvez por não saber falar de cor, imaginei. Talvez por não saber o que será melhor, aproximei. "O meu corpo é o teu corpo, o desejo entregue a nós". Sei lá eu o que queres dizer... Despedir-me de ti, adeus um dia voltarei a ser feliz... Talvez por não saber falar de cor, aproximei... Triste é o virar de costas, o último adeus sabe Deus o que quero dizer. Obrigado por saberes cuidar de mim, tratar de mim, olhar para mim, escutar quem sou... E se ao menos tudo fosse igual a ti.
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor, já não sei se sei o que é sentir. Se por falar falei, pensei que se falasse era fácil de entender...
É o amor que chega ao fim, um final assim assim é mais fácil de entender...

The Gift (letra Nuno Gonçalves)

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Antipasti


Mini peppers stuffed with tuna... À venda na Gourmet Store. Se alguém tiver dúvidas quanto a prendas aceito qualquer um dos baskets...

Pico Gigante


O pico do prazer, quando estamos longe. Hei-de voltar à Colmeia onde descobri este vinho magnífico, fruto do saber dos homens e dos segredos das pedras.
Neste restaurante, em S. Miguel, da entrada à sobremesa há sempre sabores inusitados e simpatias sinceras.

Abertos



Romã e maracujá. As cores do início.